Eles mal saíram pela porta e não aguentei mais segurar as lágrimas. Não sei demonstrar a dor na frente dos outros, preciso sentir ela, poder chorar. Preferi ficar sozinha, e entre a digitação deste texto me pego lembrando de coisas e não seguro as lágrimas novamente. O fato é que dói perder um amigo tão fiel.
Lembrar daquela carinha sapeca, do carinho, da carência, da cumplicidade, do afeto, das mordidas, das reclamações, do pêlo sedoso... traz lembranças de momentos que só foram felizes.
Um ser tão inocente que só queria atenção, um carinho na barriguinha, ossinhos de plástico para morder e a gata Mimi para brincar.
Ele apareceu na minha vida, me escolheu. Na verdade eu até tive dúvidas, mas quando vi aquela carinha choramingando numa gaiola, de supetão tirei ele de lá e levei para casa. Nos primeiros dias não nos acertamos, mas ele me conquistou e percebi que eu precisava dele.
Algumas pessoas não entendem porque sentimos tanto quando perdemos um amigo, talvez nunca tenham tido um como o meu. Aquele que está sempre de bom humor, nunca se queixa, compreende quando os que amam estão ocupados para dispensar o tempo com ele, aceita censura por falta que não cometeu, acredita que será cuidado até o fim da vida, aceita críticas, suporta grosserias, enfrenta a vida sem mentir nem falsear, consegue demonstrar honestamente do fundo do coração o quanto ama seu amigo e ama sem esperar nada em troca.
Meu Joca, meu amigo, meu querido. Um verdadeiro anjinho.
Como me disse uma amiga, ele veio para nos ensinar coisas boas, como amor incondicional e o desapego. Saudade!