domingo, 19 de julho de 2009

Convocação por paixão.


Dirijo-me neste instante para a preparação para entrar em campo. Arrumo-me como se fosse para o espetáculo, separo o melhor traje, a típica camisa tricolor, a bandeira que lembra os mais de 100 anos de história, e o escudo eternizado pelos pés dos guerreiros. Seguro nas mãos com satisfação a camisa réplica de 1977, almejo ao olhar para ela mais uma conquista, como aquela dos tempos de glória. Concluo o fardamento, inicio o aquecimento, não perco um só instante os passos do time que no Olímpico caminha comigo. Oriento o resto da equipe para que faça o mesmo, a pontualidade deve ser essencial hoje. Antes de sair do vestiário procuro o melhor lugar para não perder um lance sequer e vibro ao pensar em mais um clássico. Não apenas penso como mais um membro do time, nessas horas também sou um pouco treinadora, ouço comentários no rádio e discordo, e concordo, e implico, e fico ansiosa, e concluo como deve ser a escalação, o esquema tático, e desdenho o adversário. Situações admissíveis, já que é dia de clássico, talvez o maior do país, já que completa 100 anos. Penso nas vitórias, nos grandes jogos da dupla Grenal, penso nos últimos, como a boleada em cima do time do “fenômeno” Ronaldo, da partida contra o Curitiba, das fraquezas do clube do beira rio, mas também nos desfalques e histórico de jogos. Grenal nunca é fácil, sei disso, já começo a preparar o coração, medo todos temos, alguns amigos colorados preferem nem assistir o jogo junto, todos sabemos que a flauta é inevitável em qualquer das situações. E como a paixão pelo futebol é grande, melhor garantir os amigos.
O tempo começa a apertar no relógio, e o coração no peito. Invoco proteções divinas, seguro nas mãos dos companheiros de equipe, aperto as chuteiras nos pés e vibro ao pisar no gramado, e ao ouvir o clamor da torcida que contagia, apóia e incentiva. Em campo somos atacantes, zagueiros, cobramos escanteios e defendemos aquela jogada perigosa, no banco ficamos impacientes, cobramos mais empenho e nunca perderiamos uma chance de fazer gol.
Hoje é dia de jogo do Grêmio, e clássico, mais uma página na história do futebol gaúcho prestes a ser escrita. E eu aqui e ao mesmo tempo dentro de campo.

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