quarta-feira, 21 de julho de 2010

A incoerência dos números


Para alguns a minha indignação soa exagerada. Porque alguém brigaria por 0,5?
Eu explico. Nesse espaço cabe valorizar mais de um ano de dedicação, pesquisa e busca de orientações.
Nos últimos meses passei em frente ao computador escrevendo, catando teóricos para um tema sem bibliografia, religiosamente as 7:55 da manhã de todos os sábados batia na casa do Toninho para orientação. Sem faltar, sempre preocupada com o trabalho, sempre querendo fazer o melhor, nunca satisfeita com o material, porque me propus a trabalhar um tema que ninguém nunca falou e que de certa forma tem grande importância para o jornalismo.
Dedicação total, tanto que durante os três meses fui duas vezes só para Amaral.
Sem falar na pesquisa, que me despenquei até Porto Alegre para acompanhei as emissoras de televisão.
Todo um trabalho de não apenas um semestre, mas de um ano, acabou virando 9,5. Todo o meu esforço pelo 10, não valeu. É como se eu também não tivesse sido 10 na faculdade.
Minha revolta com os números tem pouco haver com minha banca, acho que foi uma das mais qualificadas deste semestre, fizeram excelentes questionamentos e observações importantíssimas.
O que me incomoda é o sistema. Eu que sempre fui uma aluna assídua, responsável e dedicada tirei 9,5 num trabalho de 115 páginas todo feito por mim.
Já colegas que na sexta-feira anterior a segunda da entrega não tinham NADA pronto tiraram a mesma nota. Ou pior, colegas que nunca foram a uma orientação, que resolveram escrever na última semana e que afirmaram copiar da internet, tiraram 10.
É por isso que estou tão incomodada, como pode o sistema não ser justo? Como pode quem faz de conta, quem finge que fez, ainda contar com alegria que tirou 10 e receber os parabéns por uma mentira.

Numa troca de email com o chefe de jornalismo do SBT, que me recebeu para fazer a pesquisa, comecei a chorar.

Trecho do email:

JORNALISTA Camila ...

Na verdade acho vc nasceu jornalista! Ninguém se torna jornalista na faculdade, na TV, no rádio. Jornalista está no sangue... na vontade de falar, correr em busca do fato, brigar com o entrevistado ... e por fim, ver sua notícia indo pro ar e informando quem está do outro lado! (...)

Ainda não aceitei a nota que levei, mas entendi que para ser jornalista, não é o 9,5 que vai importar. Jornalismo é muito mais que uma nota, é preciso ter vocação.

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